NO TALO #4

NO TALO #4

3 de maio de 2018 570 Por Eddie Asheton

LÂMMIA  – A GRANDE ESTRÉIA DO ANO?

 

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Não duvido que o seja! Tudo indica que sim, pelo menos até agora! Quem teve o prazer de ir a algum show do Lâmmia sabe que o negócio aqui é sério, é pesado! E tamanho peso e intensidade ao vivo geraram uma expectativa nas cabecinhas desse público sortudo. Eu, pelo menos, fiquei apreensivo, e torcendo pra que o som da banda em disco fizesse juz à pancadaria dos palcos. E o que se ouve nesse debut do Lâmmia é bem fiel à banda ao vivo, sem risco de decepções. Ufa!

O disco, lançado pela Abraxas, já começa muito bem, com a gigantesca (sonoramente falando) “Acid Trip”, que dá a impressão de que vai engolir o ouvinte desavisado, graças especialmente à voz poderosa de Carmen Cunha e às guitarras elásticas de Dony Escobar. Ao longo do disco, e principalmente nesta primeira pedrada, percebe-se influência do que se fez de melhor na Seattle daquele período entre o final dos anos 80 e o início dos anos 90. Difícil não pensar em Soundgarden. Mas isso é ruim? É ponto negativo pra banda? De jeito nenhum! O que se ouve aqui é influência, e não plágio.  Bandas com boas referências são sempre muito bem vindas, podem entrar sem bater. Quem estiver em busca de algo totalmente original no rock’n’roll atual que vá pentear macacos! Chegaste tarde, bem tarde, baby.

Após uma introdução com tanta pompa e circunstância, mas sem chatices, vem um rockão curto e grosso dos bons. “Night Queen” chega com seus jeitão de blues no 220 e com aquele toque de farofa que cai muito bem. Farofa sim, mas farofa da boa. Entendam isso como um tremendo de um elogio! Farofa da família dos Slades, Scorpions antigos (eu disse farofa, não melado) e Suzi Quatros da vida. Impossível ouvi-la e ficar parado. Se conseguir ficar inerte eu recomendo que procure um médico, de preferência um otorrino!

E assim segue o disco, e com ele vem uma pergunta: o que é a bateria do Jonas Cáffaro em “Demonlove”? O sujeito toca pra cacete ao longo do disco, mas aqui ele tá encapetado! Essa terceira música do disco segue na mesma linha de blues torto pra botar os Blues Pills da vida no chinelo, e dando uma ênfase também ao peso do baixo de Luiz Gustavo, com uma segurança e elegância nas quatro cordas que não são fáceis de se achar!

Como se não bastasse vêm em sequência aquelas que na minha humilde opinião são as duas melhores músicas do disco: “Dermeval” e “Boys”. E justamente nessas duas músicas encontrei um ponto em comum. Não sei se devo confiar na minha percepção, ou se eu tô ouvindo coisa onde não tem nada, mas senti nelas algo de uma Janis Joplin no meio de um furacão de peles e pratos espancados de mãos dadas a decibéis ricocheteando a torto e a direito em tudo que estiver à sua frente. E como gosto de um bom furacão sonoro!

E um grande disco termina com uma grande música, é claro! “Spellbound” fecha o disco na base da grosseria. O que foi aberto com um pé na porta é fechado À base da esmurrada! E por falar em portas, tenho que dizer que esse é um disco pra você se trancar nele e depois jogar a chave fora. O único defeito desse disco é o fato dele não existir em formato físico. Isso faz uma certa falta pra velhos saudosistas como eu, mas eu entendo as razões da banda pra mantê-lo disponível apenas na grande rede. Já ouvi esse disco antes e durante o processo de escrever essa resenha, e com certeza vou continuar ouvindo sem parar. E é bem provável que aconteça o mesmo com vocês aí do outro lado, crazy people!

 

Pra ouvir os caras nesse tal de Spotify:

 

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